Praticamente todos os dias revejo no canal Viva a “Escolinha do Professor Raimundo.” Um programa humorístico do início dos anos 90 que tem no personagem do professor Raimundo, interpretado pelo Chico Anysio, uma verdadeira crítica sobre o triste cenário do magistério no Brasil daquele momento. E, tristemente, passados mais de 20 anos, percebemos que o tratamento dispensado ao professor no Brasil pouco modificou. Ao contrário, maiores responsabilidades recaíram nos ombros dos docentes. Mas, de maneira inversamente proporcional, a sua valorização não acompanhou o aumento das responsabilidades impostas e as práticas mundanas de corrupção não diminuíram, fazendo com que os brasileiros acreditem cada vez menos em nosso sistema educacional.
Esta semana, acompanhando os noticiários na TV e na internet, duas situações me chamaram a atenção sobre o tema educação: uma foi a fala de Alexandre Garcia no programa matinal Bom dia Brasil e a outra, de uma professora do Rio Grande do Norte em uma Audiência Pública sobre o cenário atual da educação no estado.
Alexandre Garcia fez duras críticas aos “sabotadores da educação no país”. E comentou com muita propriedade os problemas de desvio de verba da merenda escolar e a distribuição aos alunos de alimentos com os prazos de validades vencidos. Um verdadeiro descaso dos governantes para com os alunos. E como o próprio Alexandre Garcia diz “a educação se deteriora como a merenda”.
É por essas e outras que continuamos afirmando que o sistema educacional em nosso país é um caso sério. Já escrevi sobre o assunto em meu blog. Um argumento reforçado através do pronunciamento da professora do Estado do Rio Grande do Norte, Amanda Gurgel, o qual representa a duríssima realidade vivida pelos demais colegas nas outras federações do país e complementa a seriedade vivenciada por todo um sistema educacional.
A professora Amanda foi aplaudida pela plateia e deixou deputados, secretária de educação e promotores em silêncio.
A meu ver, um silêncio doloroso que indica um cenário de pouquíssimas mudanças nas condições de trabalho dos docentes brasileiros. Assim, ainda permanecerá atual a frase dita pelo professor Raimundo ao final de cada programa: “E o salário, ó!”
FONTE: COLUNA ARTUR CALDAS